Artigo escrito por José Pedro Vianna Zereu, gestor do escritório Agrifoglio Vianna e especialista em biopsicologia
Muitas vezes não ganhamos. Nem sempre convencemos. Em diversas ocasiões as sugestões dos líderes não são acolhidas com o entusiasmo esperado.
Se realmente um líder está buscando aplicar uma gestão colaborativa, por mais preparado que possa estar para apresentar e implementar uma proposta de projeto, ou ideias de melhoria, a sensação de derrota após uma reunião com a equipe é, por vezes, inevitável.
Assim como nas situações em que nosso cliente simplesmente altera todo aquele procedimento que acabamos de deixar redondo. Ou ainda, quando perdemos um negócio importante.
A sensação de derrota a qual me refiro não é aquela em que somos convencidos por uma proposta mais coerente, ou quando concordamos que alterando nossa ideia inicial podemos alcançar maiores resultados. Não é simplesmente o orgulho de não ser exatamente do jeito que “eu” estruturei.
Estou falando de quando saímos da reunião sem convencer os demais (cliente, membros da equipe, chefia) que a “minha” proposta – que me parecia maaaaravilhosa – é, ao menos , aceitável. Falo da frustração de não agradar, ou de nada adianta agradar. De ser realmente derrotado por um conjunto de pessoas que não acataram a minha proposta, e eu sou o Líder; ou de um cliente que já está decidido e não vai nos dar uma última chance; ou de uma presidência que não está disposta a flexibilizar, independentemente dos argumentos.
Penso que quando esse momento acontece, podemos tirar algumas conclusões que podem nos ajudar a sair de um lugar autocrítico (sou incompetente) para nos trazer aprendizados. Vejo, nesse cenário, que:
1.Quando se trata da equipe da qual sou o líder, posso pensar que essa equipe não tem medo de expor suas opiniões e críticas. Também, que sabem que seu líder aceita não estar sempre certo. Portanto, é um grande sinal de maturidade tanto do líder, quanto da equipe.
2.Nem sempre o meu ponto de vista é tão óbvio e claro quanto me parece. Quando desejamos engajamento, saber como comunicar propostas e estratégias é tão importante quanto criá-las e implementá-las. “Preparar o terreno” antes de apresentar uma mudança é fundamental. Da próxima vez, posso estudar melhor tanto o conteúdo quanto a forma de apresentação;
3.Perder um cliente fará com que eu precise mapear melhor minha operação e melhorá-la. Além de rever todo meu negócio e pensar em novas perspectivas.
4.É saudável lembrar que nem sempre ganhar e ter razão é o mais importante. Por vezes, aceitar a derrota e erguer a cabeça para atuar da maneira como o outro está sugerindo pode ser mais leve. Você líder, que tende a ter a responsabilidade de demonstrar a eficácia de suas ideias em ação, poderá vivenciar o papel de observador, analista, conselheiro. São papéis também muito importantes de serem exercidos por líderes eficientes.
5.Gestão emocional e autoconhecimento podem ser desenvolvidos nesses casos. Como me sinto quando uma ideia minha é rejeitada? E quando tenho que lidar com alguém que é inflexível? Levo para o lado pessoal e entro no vitimismo, ou lido com maturidade com as diferentes opiniões? Aceito as regras do jogo ou quero desistir porque não é do meu jeito? Tendo a pensar em pequenas “vinganças” em relação àqueles que não me aceitaram ou tendo a apoiar a nova visão, mesmo não sendo a minha? Torço para que minha equipe acerte ou para que errem para eu poder dizer “eu avisei…”?
As “derrotas” podem ser encaradas como caminhos diferentes daqueles que eu gostaria de percorrer ou de controlar. Após assimiladas, digeridas e, passado o pico emocional natural de uma frustração, podem ser analisadas com muita atenção. Elas têm muito a nos dizer, revelar e ensinar.
Comments